por Ricardo Kersting
Poeta e escultor
Somos passageiros à deriva, navegantes fortuitos, perecíveis a mercê de marés que nos repelem. Ainda não sabemos conduzir nossa nave, nem compreendermos seus desígnios e seu destino incógnito nos assusta. Talvez, toda esta soma seja o nosso enigma fundamental, porque fazemos de tudo para registrar a nossa passagem. Justamente nós, que tripulamos a “nave vã”.
Por isso reinventamos a vida, por isso gravamos nossos pensamentos na pedra e nem sempre sabemos conservar as escrituras. Somos o único animal da terra que tem consciência da própria existência e da própria morte. Pensamos no tempo pensável, porque precisamos saber como e quando a viagem vai terminar.
Concluímos que estamos certos. Acreditamos que o tempo em que vivemos, realmente existe, pois não podemos entender um tempo impensável. Só aceitamos que seja possível um tempo, o nosso tempo, o tempo do homens.
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