por Eduardo Hora
Poeta e músico
Os anjos desceram à terra pela mão do artista. Coabitam as favelas e os palácios depois que a artista plástica Albertina Prates concebeu a exposição de pinturas “Os anjos aguardam”…(casa de cultura Dide Brandão).
Dissertar sobre técnicas e traço, seria inócuo. A questão imaginária é o melhor pontua a pictografia. As figuras por concepção, corrompem preconceitos judaico-cristão e remetem o contemplador às tentações de Jô, porém ignoram as semelhanças com o querubins de Heronimos Bosh. Há uma provocação premeditada pelo ponto de vista filosófico. As figuras predominantes femininas reafirmam o dogma de um Deus mulher, o portal óvulo sintetiza o conjunto das obras e da imaginação. Poderíamos então supor, o universo intra-uterino.
Mas a fábula conduz ao fatual. Para que serve a célula/homem? Por que as aventura nos mares da mediocracia? Se na terra, anjos e homens coabitam, há de se repensar as ações humanas através das premissas do Criador. Religiosamente mensageiros do bem, os anjos, misturam-se aos desígnios do mau, o erótico/celibatário o divino/profano. A mitologia greco/romana se confunde com a da judaico/cristã. Afinal, quais as origens da cultura ocidental?
Pela ótica dos anjos, desejo mais uma vez referenciar a ação cultural e o papel do artista (anjo/demônio). As injustiça, a mediocridade a ganância… tem suas origens no cérebro, adjetivos convenientemente mascarado pelas escrituras do “destino”. O erros inconfessáveis do homem comum, paradoxalmente, alquimizam a insuspeitável criação artística.
A sociedade desconhece esta celebração. O conjunto: público x mídia x mecenas, prostou-se diante dos oráculos do “besteirol”, com o direito a noite de gala. A arte questionadora e estética, ainda se restringe aos guetos seletos.
Por onde anda a grande massa humana, ávida de informações, que a televisão não deixa sair de casa senão na hora de ir ao supermercado?
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